quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Cicatrizes




As coisas estão tomando formas indefinidas
um emaranhado de fios soltos e desencapados prestes a entrar em curto 
Pessoas estão se tornando invisíveis e desconhecidas
(E as cicatrizes permanecem...)
Os sonhos, antes tão presentes deram lugar à pesadelos contínuos e constantes
Se tornaram uma só cena que se repete inadvertidamente
Todos os dias
Todas as noites
No espelho quebrado, os estilhaços refletem uma,duas, milhares de mim
milhares de rostos diferentes e deformados;
da mais fina lasca de vidro ate a mais grossa e nítida. 
Seria a moldura tao frágil a ponto de partir- se assim tão facilmente?
Nem posso em tal ponto reclamar 
foi daquelas compradas em lojas de Um e Noventa e Nove.
As horas continuam seguindo o curso 
O rio ainda segue em direção ao mar
Os vidros... bom ...eles permanecem lá
Esperando por um pé desavisado e descalço
Esperam por entrar bem profundamente
talhar a superficie e se inscrustar por dentro em todo o sistema
Os vidros esperam pelas cicatrizes
Os fios esperam por mãos molhadas e pés descalços
Os fios esperam pelas queimaduras
(E as cicatrizes permanecem)
Logo ali na esquina havia um sonhador
que de tanto sonhar se perdeu  do mundo.
Logo ali na esquina haviam mãos esquecidas, pés descalços e desavisados.
Eram os meus. Talvez os seus. 

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