sábado, 21 de maio de 2011

Esses tais amores

Calar-te-ei a boca,
Apegando-me com força aos lábios teus;
Ao passo que correrei instintivamente pra longe de tua furiosa fala,
E ei de te esconder as dolências que escorrem junto à este pranto. 


Sufocarei amores que confluem em meu coração
Enquanto tu desfias as tramas de minhas dúvidas;
Traz o fogo! Queima os erros que em ti habita! 
E tão logo, o quanto antes,me refugiarei em tua morada, 
E farei de tuas mãos,as paredes protetoras de minha alma em desalinho.


Te revelas a mim!
Faça das intocadas palavras,confissões!
Esperarei com a paciência de um poeta, tuas palavras sutis;
E há de fazer serão quando eu voltar.


Na mendicância de meu sorriso,agora tu é quem estás no meu aguardo,
E sem alarme,te darei meu perdão;
Mesmo na dor ou na dúvida que remanescerem
Te direi clara e audivelmente,
O que não preciso dizer !

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Medo

Suspiro,
Ele já não agüenta mais,não aguenta ver a vida escorrer entre seus dedos,ver seus dias passarem;
Sentir o vazio, a solidão, o escuro ,o silêncio;
Isso lhe dá um medo, 
Um medo de estar só ,ficar só e ser só.
As imagens passam na parede ,as cores, são meras falhas da tinta que ele mal pode enxergar;
As mãos pousam na superfície fria,os olhos fitam o nada , a mente levanta vôo,os pensamentos esvaem-se.
(...)
Suspiro, 
Ele está farto,exaurido de ver a vida passar;
Ele não pode se mover,a superfície tão fria está imobilizando-o.
Algemas o aprisionam em algum lugar que nem ele mesmo sabe;
Os pés,deveriam correr para a  liberdade,deveriam levá-lo pra longe daqui,porém seus pés não se movem,não o obedecem  mais;
A angústia toma conta, ele deseja mover suas tênues pernas.
Os olhos doem na presença e na ausência da luz, apertam, como se também não suportassem mais ;
E não mais que de repente um aperto no coração;
Será que ele também não agüenta mais ?
Um filme passa em sua frente ,seus olhos enxergam um minuto de vida ,só mais um minuto;
As paredes negras dão lugar à cores vivas, que lentamente se movimentam 
(...) 
Suspiro;
Presença humana;
Suspiro;
Luz;
Suspiro;
Dor;
Suspiro;
Medo.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Estilhaços

Aproximava-se lentamente...
Rápido,muito rápido,rápido demais!
Para!
Sem controle, seu corpo era arremessado bruscamente contra o vidro;
O nada
(...)
Você...?
Você está bem?
As vozes surgiam ao mesmo tempo em que a dor se aproximava;
Uma pontada,uma dor latejante,pulsante e ritmada
Os olhos doíam na presença da luz;
(Tô viva?!)
Os pés tremiam,quase a ponto de lhe fazer desequilibrar 
Um grito de desespero tentava escapar.
Gente,Muita gente,gente demais!
Pedaços,estilhaços,Barulho,ninguém;
Ninguém.
(...)
O que foi mesmo que aconteceu?
Aproximava-se lentamente...

domingo, 15 de maio de 2011

Inverno

Um frio que apenas motiva o tremor de suas debéis mãos
A luz da lua  penetra as frestas da pequena janela;
Um filete ilumina as semi cerradas pálpebras 
A boca se move lentamente e as palavras se fazem ouvir em uníssono
As forças fogem de seu corpo,fazendo com que as palavras se tornem inertes
E num impulso quase que sobre-humano,ele estica seus dedos finos.
Usando suas últimas forças;
Ele fecha as cortinas do show,apagando de vez a luz de sua existência.

Lembranças de ontem

Lembro-me dos pingos escorrendo pelo vidro enrrugado,
O ranger do vidro ao passar do vento forte
Pela janela,o silêncio da madrugada vazia.
Um copo cheio
Um copo vazio
Lembro-me dos pingos escorrendo pela face enrrugada
O ranger dos dentes ao passar do vento frio
Pela janela da alma,o silêncio do vazio.
Um copo cheio 
Um copo vazio

Desencontros


Manhã fria de novembro,
Uma lembrança da noite que passou.
Horas das quais,a memória não pode se dar ao desejo de esquecer ;
Poderia? Sim! Por Quê não ?
Apenas mais um, nada mais que isso.
Mais um suspirando suspiros indizíveis  e entregue ao calor do momento.
Entregue à frieza da manhã ,a qual eu digo: Adeus!
E não acredite no amor,este não se acredita.
O verdadeiro amor se vive e se esquece,se lembra e se apaga.
E não há palavra,não há gesto,beijo qualquer que cure.
Vá embora! Vamos embora!
Se perca e não se encontre,
Assim nos perderemos de nós mesmos e não mais voltaremos.

Judas

Me dê a mão,vamos passear!
Me conte teus segredos.
Confessa teus delitos,confessa teus desejos;
Chora!
Me conta tuas mágoas e conta-me o motivo de tuas alegrias;
Me conta teus medos e tuas preocupações;
Conte-me teus sonhos, fala de teus anseios;
Conta-me! E tão logo te carregarei aonde quiseres.
Te levarei em meus ombros,
Pisarei descalço em meio aos predregulhos
Minha carne será dilacerada e sangrarei;
Morrerei!
Porém, tu estarás lá,
Tu chegarás,descansado ,realizado
E o que eu te peço? Lembra-te de mim? 
Por favor não me dê as costas.
Me leva em teu pensamento?
Me passa através das gerações?
E eu te amo tanto! Tu ao menos sabes o quanto?
Vai! Me leva contigo,Me leva em teu coração;
Ou está pensando em dar-me o beijo da traição?

sábado, 14 de maio de 2011

Borboletas

Quero voltar pra casa, quero ver as velhas fotografias;
Vou me sentar na cadeira de balanço e me admirar das paredes ,hoje tão velhas. 
Vou ver o quintal ,a terra batida e as árvores que não mais frutificam.
Vou sentir o cheiro do vazio,da saudade que aperta bem fundo do peito e da voz que tão logo me irritava. 
Pra onde as borboletas vão? 
Elas morrem?
Eu vou olhar o mesmo céu.Azul? 
Não mais para nós.
Cinza está,como os nossos corações.
Eu vou gritar teu nome;
Eu vou te trazer de volta ,nem que por poucos segundos,
Pois tu sabes que não há nada que te apague de mim.
E hei de sentir o cheiro forte do teu velho café,doce,não mais;
O tic-tac do grande relógio da parede no bater do almoço;
O tic- tac infinito da tua morada,bem aqui,bem pertinho,bem ali no cantinho.

O Xícara abre as portas

Entrem e sirvam-se !