sábado, 23 de março de 2013

Velas

O clarão do dia os ilumina e as velas se apagam.
Disseram-me que as pequenas remetem à tristeza
Porém bonitas e belas, realmente são
Não haveriam nunca de ser sinônimos de tristeza, pois mais triste é essa concepção tresloucada.
Bonita é a queima.
O suor da parafina que cristaliza.
E não me venham, doutores, com seus termos corretos
Pois verdade, não há absoluta!
A chama acesa  consome o pavio. Curto, como sempre.
A cera se derrete, queima e desce.
Calor se fazia, poderia aguentar um centígrado a mais?
A aproximação fazia queimar e arder 
pele com pele
A palma da mão se aventurava na desventura de tocar
A cera quente ainda doía, ainda ardia
Mas se acalme,
já já esfria...

Sobre Meios e Fins

Entao o  vazio se tornou escuro
e de torpor meu corpo foi preenchido
Um segundo e não havia mais nada.
A dor é um conceito que está no dicionário
Mas eis que no fim, não importam os sinônimos
Tampouco significados vários
Importa que a dor dói, machuca e corrói
e ninguem quer sentir tal aflição.
Eis que a facilidade de algumas doses de morfina tornam tudo mais fácil
Um piscar de olhos, um segundo e nao há mais nada.
Entao o vazio se torna escuro e de torpor o corpo é preenchido
Flutuando por entre as nuvens rumo ao desconhecido
Eis que no fim, não importam as palavras
e de nada valem as ironias, rimas ou poesias.
No fim, resta apenas o fim.
(Que se danem os meios!)

Momento II

"Este é um dos momentos em que o mundo inteiro se cala diante de ti"
Tais pensamentos, Tais planos e planos
Tudo está por um fio, por um ponto.
Nem a insanidade,  pior desespero e a sensação de ecstasy compara-se à isso.
O fio está se rompendo. 
O fogo recém ateado o deixou a ponto de partir-se.
As fibras são como pérolas, Preciosos ligamentos, porém tão frágeis são, que nem a provação conseguem suportar. Mas não poderiam estar todos mais equivocados.
O fogo queima. Mas pra qualquer fogo, há algo que o apaga.
E nem a queimadura mais profunda, nem as cicatrizes irão fazer partir-me o coração.
São todos filhos da terra. Eu, sou filha da água e do fogo
De cabelos negros como  a mãe e de olhos esverdeados  como o pai.
Carrego as pérolas que escondem as queimaduras
Na minha pele negra estão gravados os segredos que as luzes não podem mostrar, nem o fogo ousaria queimar.

Momento I

"Este é um daqueles momentos em que as palavras fogem".
O silêncio atrevido se espalha. 
Aquele constrangimento!
Rubor na saliência das maçãs se evidencia.
Eu acho que vi um sorriso disfarçado.Acho apenas.
São tantas coisas à dizer, mas as palavras não vem
Danadas palavras fugitivas.
Forasteiras!
Roubam-me meus dons de te encantar
E Qualquer coisa se torna pretexto
Digo,qualquer coisa é alento, ou justificativa fajuta
por eu não saber me portar.
Deixo que caiam os pratos e copos de vidro
quebram-se todos e se espalham pelo chão
Nessas horas, os estilhaços são mais interessantes 
do que minha moral no chão.