terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

147


Sentado num ponto qualquer, perdido à céu aberto
O coração disparava devido à arritmia e a respiração acelerava.
Eram 147 degraus! Isso mesmo - Cento e quarenta e sete.
Havia memorizado tantas as vezes em que havia descido e subido
De lá de cima tudo parecia miúdo, recortes de fotos colados uns por cima dos outros, formando tantas paisagens quanto fosse possível.
De lá de baixo o  céu parecia distante, pareciam ser seus sonhos, inalcançáveis.
(E quem disse que ele ainda os tinha?)
Havia deixado de sonhar quando o cansaço, a fome e o medo se abateram sobre ele
Deixou de curvar-se aos céus para clamar ajuda, pois dos  céus vinham somente os pingos.
Lágrimas dos falsos deuses.
Poderia ser meu, o desejo que tu crie asas de anjo
Poderia ser meu, o desejo que liberta-se 
Mas não desejo a ti, nada que te faça livre
Desejo somente prender-te, acorrentar-te aos meus pés e arrastar-te comigo a subir e descer todos aqueles degraus, por todos os dias.
Serei o inferno de tua mente que divaga 
Serás meu prisioneiro que perdeu a batalha
Mesmo que as irmãs clamem por tua vida
Mesmo que o céu pare de gotejar; Que o sol tome conta da imensidão cinza
Eu não  abrirei mão de a ti, possuir
Pois sou erva daninha de tua colheita, sou a doença que invade tuas veias
Sou teu murmúrio , teu lamento, teu atraso 
Teu fim.

Nenhum comentário:

Postar um comentário